terça-feira, 15 de julho de 2014

Era tudo tão difícil e fácil!



Não, eu não estou bipolar, acredite...

Fiquei uns tempos sem escrever aqui né? É esse facebook, gasto minha cota de redação por lá e hoje bem cedo "passeando" pela minha linha do tempo fui presenteado por essa postagem que uma amiga de lá, a Marina Carrieri, fez.

A Marina ainda mora no Brás numa casa que mantém o mesmo jeito de quando eu era criança, a mãe dela é uma das "Mamas de S. Vito" e vende aquelas delicias de comidas que minha avó fazia. Aquela viela onde quase não consigo manobrar o carro pra voltar pois é sem saída funciona pra mim como uma espécie de ponto de contato com aqueles tempos de infância. Ir lá, em geral às sextas feiras, comprar algumas guloseimas típicas de Polignano me faz bem, revivo uma época, resgato aromas e sabores,, posso dizer que relembro minha infância como se estivesse lá naquele tempo uma espécie de um Kairós me permitindo revisitar aqueles dias e lugares

E é sobre isso que senti vontade de escrever.

Lá pelo minuto 18 desse filme aparecem umas imagens de festas juninas com bandeirinhas, fogueiras e as pessoas sentadas na rua assistindo crianças dançarem a quadrilha, tudo muito simples e todo mundo bem juntinho como que pra espantar o frio.

Bate uma saudade daquele tempo e daquela forma de viver em comunidade, as pessoas ajudavam umas às outras, eram famílias de imigrantes italianos em terras estranhas tentando uma vida nova, essa origem comum trazia uma cumplicidade um "eu te ajudo hoje e você me salva amanhã". Na verdade ali já se vivia uma das mais autenticas redes: eu tenho carro e levo sua esposa pra maternidade e um outro me empresta a casa de praia e outro me socorre em tempos difíceis.

Pra dar uma ideia de como a solidariedade era forte, quando morria alguém enquanto a família estava no velório umas senhoras iam para a casa do falecido e preparavam uma refeição (não sei se era padrão mas lembro de sempre ter uma canja bem quentinha, salada de tomates com alface e bife à milanesa) e esperavam pra servir o jantar ou almoço aos exaustos. Eu acho sensacional um cuidado assim, só quem sentiu esse abatimento sabe o valor desse gesto de carinho e apoio.

Mas voltando la para as cadeiras nas ruas, como era divertido isso! Nem precisava de novelas e televisão, que aliás nem todas as casas tinham e os televizinhos eram parte desse menu de gentilezas mutuas.

E quando a minha família se reunia eram os homens na copa jogando buraco e as mulheres na cozinha preparando um monte de comidas deliciosas!

Um dia desses conversando com um pastor amigo meu ele me fez ver: Deus está nesse tipo de lugar, pra dizer a verdade essa pra mim é a forma mais próxima de igreja primitiva, como descrito no livro de atos dos apóstolos, ali se praticava um "amai-vos uns aos outros" menos preocupados em bajular que muito tem, sem esperar nada em troca e sem medo de se entregar pois se vivia um tempo onde pessoas eram respeitadas e relacionamentos eram preservados, não se tinha muito a oferecer se vivia com simplicidade e é por isso que achei bacana o titulo:

Era tudo tão difícil e fácil...